FREI FERNANDO, VIDA , FÉ E POESIA

A vida, como dom, é uma linda poesia divina, declamemo-la ao Senhor!

Textos


PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 15,1-3.11-32)(11/03/23)

 

Caríssimos, o que é a Misericórdia Divina? É o amor incondicional de Deus pelos pecadores arrependidos e humilhados, pois Deus não nos olha a partir dos nossos pecados, mas sim, a partir do arrependimento com que retornamos à Sua casa, isto é, à Sua Santa Igreja, onde somos revestidos da dignidade da filiação divina, perdida pelo pecado consentido e praticado. 

 

Assim, por Seu amor incondicional, o Senhor nos livra de nossas culpas e de todo mal, fazendo brilhar em nós a sua glória como nossa herança eterna em sua companhia. Isso significa que ao sermos perdoados voltamos reconciliados ao convívio com o nosso Pai celestial e com os nossos irmãos e irmãs, de quem nos afastamos por conta dos nossos pecados.

 

Vejamos, então, as maravilhas da Divina Misericórdia presentes na primeira leitura: "Qual Deus existe, como tu, que apagas a iniquidade e esqueces o pecado daqueles que são resto de tua propriedade? Ele não guarda rancor para sempre, o que ama é a misericórdia. Voltará a compadecer-se de nós, esquecerá nossas iniquidades e lançará ao fundo do mar todos os nossos pecados." (Mq 7,18-19).

 

Com efeito, vivemos em meio uma guerra espiritual, como que permanente, contra as tentações e as forças do mal que se esconde nelas. E por essa guerra ser espiritual, ela é travada, não fora de nós, mas sim, no coração das nossas almas, isto é, em nossas mentes. Todavia, por nossa oração, o Senhor nos assegura a superação das insídias malignas, nos dando a graça do seu perdão e o poder de vencer todas as tentações (cf. 1Cor 10,13). 

 

Convém aqui lembrar que toda tentação precisa de nossa permissão para se tornar pecado; por isso, não podemos derrotar à nós mesmos nessa guerra, dando ao inimigo a permissão para entrar e se apossar do nosso livre arbítrio, tornando-se, com isso, senhor de nossas decisões e de nossas ações. Pois, caso isto aconteça, perdemos o domínio sobre nós mesmos e sobre o poder do mal.

 

Por isso, se faz necessário sair do campo dos porcos, isto é, da prática pecaminosa, por meio do verdadeiro arrependimento, da confissão de nossas culpas e do perdão sacramental, e desse modo retornar, como o filho pródigo, à casa de nosso Pai celestial, que é Deus e nos acolhe com o abraço de sua misericórdia nos concedendo tudo o que havíamos perdido, especialmente o nosso livre arbítrio.

 

Amados irmãos e amadas irmãs, a túnica com que o pai da Parábola veste o filho pecador ao voltar arrependido, é a inocência perdida por haver se distanciado dele para buscar as satisfações carnais nas quais encontrou somente a miséria e a insatisfação da sua condição pecaminosa.

 

Decerto, "Mantemos a nossa veste quando conservamos no espírito os preceitos da inocência, [submissão amorosa; caridade operosa, humildade a toda prova]; mas, se alguma falta nos obriga a comparecer diante do justo juiz, recuperemos a inocência perdida e a penitência devolve-nos a nossa veste." (São Gregório Magno).

 

Paz e Bem!

 

Frei Fernando Maria OFMConv.

Frei Fernando Maria
Enviado por Frei Fernando Maria em 12/03/2023


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